Qualquer pessoa já ouviu a frase “nunca duvide de você mesmo” e eu acho ela extremamente burra. Essa frase denota automaticamente que dúvida é algo ruim, um comportamento a ser evitado.
Mas, curiosamente, em qualquer aspecto da vida são as dúvidas que nos trazem respostas. É impossível obter uma resposta se você não teve uma dúvida, afinal respostas são consequências das dúvidas e não o contrário. Primeiro se têm dúvidas e depois se tem respostas.
Isso é muito curioso, porque duvidar é colocado desde a infância como algo bom e um comportamento a ser estimulado e recompensado. Quem nunca ganhou um presente no colégio por ter feito uma boa pergunta ou ouviu a frase clichê “Não existe pergunta burra, burro é não perguntar”. Apesar de eu achar que sim, existam perguntas burras.
Duvidar é sempre bonito até o momento que você comece a duvidar de você mesmo. Mas, se são exatamente as dúvidas que geram respostas, por que eu duvidar de mim mesmo é tão prejudicial assim se são exatamente elas que vão me trazer respostas? Seguindo esse raciocínio, não duvidar das minhas crenças, capacidades, emoções é automaticamente falar “não quero ou não estou preparado para obter respostas”.
Um ponto interessante é que duvidar de si é completamente diferente de se subestimar. Subestimar-se não traz respostas. Subestimar-se traz falta de ação e medo que ao invés de te trazerem respostas, te paralisam.
Duvidar de si se torna um exercício produtivo quando você pega o que acha sobre você mesmo, o que você sente, o que você acha que é capaz e coloca a prova. Uma vez que esteve a prova, você obtém resultados que te mostram se você estava certo ou errado.
Por exemplo, eu posso achar que sou bom lidando com crises. Se eu não duvidar dessa minha capacidade e ativamente me colocar em situações onde vou ter que lidar com crise e descobrir se realmente sou bom com aquilo, eu vou viver na minha fantasia que “sou bom lidando com crise” até chegar uma crise e eu me assustar com o fato de que na verdade eu não era tão bom assim.
Quando eu duvidei de mim mesmo e me coloquei em situações de crise eu acelerei meu processo de obter respostas. Por outro lado, se eu não duvidei de mim mesmo, eu dependi de algum fator externo que teve que me mostrar que aquilo não era verdade. O problema é quando esse fator externo demora para aparecer e vivemos em uma ilusão que somos assim, mas a realidade é que nunca aquela minha capacidade foi colocado a prova e podem ter se passado 1, 2, 3, 15 anos e eu acreditei fielmente ser ou ter uma capacidade que na realidade não tinha.
Na minha visão, duvidar de si e se subestimar são antônimos. Duvidar de si é ter a certeza que mesmo tendo respostas que não te agradem, você vai saber lidar e melhorar. Subestimar-se é exatamente não duvidar de si com medo de não saber lidar com as respostas que você vai obter.
Dúvidas sobre mim, minhas habilidades, competências, emoções me trouxeram respostas que nem sempre são legais e que levam tempo de serem assimiladas. Mas, no final do dia é uma escolha ter respostas duras e verdadeiras ou ilusões confortáveis.